terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Deixa o amanhã e a gente sorri

Parei pra sentir o cheiro do asfalto e olhar o laranja do sol no céu. Com gosto de cigarro na boca pra tirar esse azedume do meu peito, olhei meu passado caminhando ao lado do teu presente. Agora entendo o que nunca fez sentido.
Já não é tão fácil te imaginar, tuas formas foram se perdendo e ganhando tons de cinza na memória. Teu olhar já não olha pra mim, teus ouvidos não me escutam, ainda que eu grite teu nome. 
Quero voltar onde a gente se esqueceu, talvez haja algum pedaço teu pra me colar. Guardei teu melhor sonho pra quando eu voltar, quando eu abrir tua porta e me jogar na tua cama, enrolar o teu lençol em nós. É só vontade de te provar um pouco mais, de te calar a covardia, te fazer cantar a melodia que deixamos de dançar.
Por agora, te observo pela janela do imaginar. 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sentada, esperando o amanhecer

                                        - Minha vida tá igual o teu livro.
                                                      - Velho e surrado?
                                        - Também. E de cabeça pra baixo.

Me bateu a depressão da meia-noite e são apenas onze horas. Enquanto você vive no teu castelo frio e distante, lembranças tuas vem me aquecer a noite.
Eu não queria que fosse assim, tuas juras se perderam em outra boca. Queria que isso fosse apenas outro sonho ruim e que tu viesse de manhã me acordar. Não consigo me acostumar a viver sem teu sorriso, vivo a forçar o meu pra aparentar o que não sinto.
Quero olhar pra frente e não te encontrar em mim, quero te rasgar da memória mas te guardei num lugar onde não dá pra apagar. Quero ser forte pra escrever alguém no teu lugar.
Vou parar de te lembrar e de não deixar tu me esquecer, o tempo vai me ajudar a te anular. Preciso reerguer minhas paredes, preciso me encontrar pra tentar te perder. Espero um dia lembrar de ti sem lágrimas nos olhos, espero lembrar você e sorrir. Você me destruiu, menina. 
Você desfez nosso futuro, hoje sou só eu na madrugada.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Das lágrimas na minha blusa

O sol se põe atrás de outro desses prédios imundos que povoam a cidade. O verde deixou de existir, o azul do céu já desbotou, o cinza empoeirado nos roubou a cor.
Da janela embaçada do ônibus observo uma multidão de almas queimadas, cheias de si. Eu vejo desespero, imagens desconexas presas no labirinto dessa cidade pequena. Ninguém sabe a saída, não há placas por aqui.
Vejo nosso quarto, onde cabia apenas o silêncio e a melancolia de mais um dia que o céu pintou. Minhas lágrimas caindo acompanhando o ritmo da chuva, e na tua cama um corpo rabiscado com versos de amor, aquele teu velho clichê. 
Sinto falta do teu gosto de cigarro na minha boca. Não foi ilusão, foi apenas um amor desacreditado, típico sonho bem sonhado que pedimos pra nunca mais acordar. Você queria ser perfeita enquanto eu só queria sorrir.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pelo interfone

Canções de apartamento que me deixam serena, que me apertam o coração.
De um jeito doce e sincero me faz pensar, me faz querer. Te deixa viver mais.
Tira a neblina da cabeça, traz paz ao gostar, me devolve o pranto. Me deixa presa em devaneios, faz meu prazer em anotar frustrações se aflorar, deixa toda a solidão de lado e me devolve a solitude.
Canções de apartamento que eu só ouço em casa.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Se você me leva eu vou

Dormir lembrando tua voz, acordar chamando você. Ficar feliz ao te ver abrir os olhos, abrir a porta, abrir os braços pra me acolher. Deitar com tua foto ao lado, no celular, acordar contigo me chamando pra tomar café.
Fechar os olhos e sentir teu gosto na boca, teu corpo nas mãos. Guardar teu olhar no meu, e o teu sorriso se abrindo aos poucos, de lado, todo tímido.
Um dia desses senti teu perfume passeando pela sala de estar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Te empresto minha neblina

Me dê um gole de teu melhor romance, enquanto fico a observar tuas conquistas baratas pra aliviar a dor que já não sente. 
Fiz uso do clichê quando nada mais fazia sentido, tu me respondeu com aquele eu te amo dito no calor do momento, puro reflexo pra tentar se esquivar de outra de minhas perguntas. E cada pétala de tua flor refletia teu cruel jogo de gostar, teu mal me quer sem nenhum bem. 
Não precisa mentir pra mim, reconheço teu olhar de culpa, tua voz falhada querendo se entregar. Sei que você foi vê-la outra vez, sei que já não somos como antes, as palavras não mentem. Espero que ela te faça sentir o que tanto procura.
E o que me resta é só mais um pouco daquilo que alimenta, é a ilusão de me sentir completa e depois notar que eram apenas fragmentos que nunca se encaixaram. É o meu coração nas mãos dela, quase que esmagado, sendo apertado lentamente até vazar.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Vem cuidar de mim

Chorar poderia ser a solução pros meus problemas, mas nem a água é capaz de me lavar.
Fim de domingo, o coração jogado no canto da sala, a felicidade em mãos que não são minhas. Já é de costume me ver refletida nos teus olhos, na tua voz.
Me vejo no chão, teu corpo alinhado ao meu, disputando em harmonia espaço no colchão. Espaço pra se amar.
Me deixo levar pelo balanço da rede, pelo dançar de teu corpo, pelo procurar das mãos.
Te deixo dominar com o piscar dos olhos, com o abrir dos braços me chamando, com teus dedos presos em carinhos pelo corpo.
Me deixo guiar por teus passos quietos, arrastados, sem deixar pegadas por aí. Seguro tua mão sem medo, sigo o caminho que você trilhar.
Me vejo sonhando acordada, sem você do lado pra me alegrar.

sábado, 29 de outubro de 2011

Preciso parar de te sentir

Não sinto mais, me falta inspiração, nada me alegra, meu sorriso perdeu a cor. Na verdade ele ganhou o amarelo do teu adeus.
Não que eu sinta tua falta, são teus abraços que me perseguem, teus beijos que os sonhos recordam, tua voz que me assombra os ouvidos.
Não é saudade tua, é o fim de tarde jogada no sofá, os risos abafados, os carinhos discretos, os olhares presos, teu pessimismo pra me irritar, nossos planos que não vão se realizar.
Não é que eu te queira de volta, são as nossas conversas, o teu bico feito pra morder, o teu medo se juntando ao meu, a distância separando tudo, o meu amor se amedrontando todo. É a minha menina, a sua morena.
Ainda guardo o meu pra sempre mas nunca irei voltar.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Do lado de fora

Essa tua armadura tão bem estruturada, não há espaço para entrar. Teu mau humor rotineiro, amigo de teu riso sarcástico e amarelo de tão velho e gasto.
Vê nos livros uma maneira de se esconder, de se perder em histórias que queria viver. Teus olhos tão cheios de medo que já não se pode ver a cor. Não sei se acredito no teu azul.
Tantos caminhos pra trilhar, foi escolher logo o meu. De mãos dadas, conseguia sentir teu coração perto do meu, batendo em sincronia como numa melodia bem ensaiada. A letra não combinava, mas parecia tão certo. Me desencontrei.
Não sei onde erramos, de próximo ficou distante mesmo estando ao lado teu. E o sol que antes brilhava e me aquecia, hoje fica atrás das nuvens e nos cega de rancor.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Mesmo que mude

Sentir frio e correr pra te abraçar, me aquecer no calor que teu corpo produz junto ao meu. Usar teus lábios molhados com gosto de vinho e cigarro pra sanar meu vício. Escutar contigo nossas músicas, discutir na cama embaixo das nossas cobertas, vamos conversar em silêncio, as palavras já estão muito gastas.
Meu eu te amo sussurrado no pé do teu ouvido, enquanto imagino tua cara envergonhada e teu sorriso bobo que tanto gosto. Fico te olhando até quando você não está por perto, é só fechar meus olhos.
Vou voltar a ser criança e me esconder nos sonhos teus.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Vamos dançar

Toda vez que penso em desistir, fecho os olhos e abro teu sorriso, deixo tudo de ruim pro lado de fora e me concentro em você, na felicidade que mesmo de tão longe você me traz. O destino nos uniu por saber que nos pertencemos.
Eu quero sorrir com teus lábios nos meus, quero deitar no teu colo e ser a tua morena. Espero fazer com que se encontre em mim antes que eu me perca.
Me dê a tua mão, venha dançar comigo ao som dos carros, iluminadas pelas luzes da cidade, observadas por olhares de reprovação daqueles que já não sabem viver. Venha, vamos virar a esquina e amanhecer o dia, acordar a vizinhança com nossa alegria. A rua nos espera pra chover.
Enquanto não posso te levar, trago comigo a saudade do que ainda não vivi.

                                   "E é tão teu, meu coração aflito e manso"

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Feche os olhos

Sinto tanta coisa que acabo me sentindo vazia, sentimentos irrelevantes, inexistentes. Sou intensa demais, imatura demais pra entender tudo isso. São sentimentos ocultos, calados, abafados por quem não se permite mais sentir. Foram deixados de lado, escondidos num buraco dentro de ti. Foram feitos pra você, não havia uma caixa pra guardar. Sentimento libertário escravizado por minha riqueza irracional, será um eterno criado teu. Inúteis, inofensivos, recheados de melancolia, transbordando desgosto e desapego teu.
Não é triste lembrar você, só não me alegra os olhos ainda te ter em mim.

sábado, 16 de julho de 2011

Minha menina

Eu amo tudo em você, o jeito como você sorri quando está nervosa, ou aquele sorriso que você dá ao me ver de longe. O teu olhar dengoso pedindo pra eu te pegar no colo e te ninar, e também o cheio de cíume ao me ver conversar com aquela garota que você odeia. O teu senso de humor sarcástico, teu lado pessimista que por vezes te controla e me tira do sério. E a tua boca, a dos melhores e mais apaixonados beijos, aqueles que eu ainda não experimentei.
É bom saber que faço parte dos seus sonhos também.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Me pede pra cuidar de você

 Ela estava de óculos escuros, pra esconder tudo aquilo que levava no olhar. Meus olhos estavam nus, diferente de antes quando preferia me ofuscar, não que agora eu tenha algo bom pra mostrar, só não preciso mais me esconder.
Ela estava sentada, isolada de todos, xingando o mundo inteiro porque não conseguia acender seu cigarro. As faíscas que ela soltava dariam conta do recado.
Não consegui deixar de olhar pra ela, sua raiva era quase proporcional à sua beleza. As tatuagens espalhadas por sua pele clara só aumentavam a minha vontade de provar a rebeldia daquela garota. Sinto por não poder ver o sorriso e os olhos dela, ambos protegidos pela barreira que ela insistia em criar.
Acendi seu cigarro, usei meu mais belo e sincero sorriso esperando que ela pudesse retribuir. Ela não o fez. Apenas me olhou, calando meu olhar, sugando meu sorriso idiota. Meu isqueiro ainda está aceso.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Don't look back

                "Pense em mim quando acabar."
                                            São só palavras, não fazem sentido algum.

Foi nesse vai e vem de emoções que eu me perdi. E ninguém me procurou.
Preciso de um dia sozinha, pensando em tudo, revendo todos os erros, rindo de tudo que já passou.
Preciso fugir dessa confusão toda, dessas pessoas tão vazias e cheias de si, que a todo instante tentam me dizer o que fazer, o que sentir, a quem devo amar. Elas não sabem quem eu sou.
Preciso fugir e te levar comigo, saudade.
                                        

domingo, 22 de maio de 2011

Café amargo

Promessas não cumpridas, beijos trocados por bocas desconhecidas, bocas que não se pertenciam, olhares desviados durante nossas conversas, minhas conversas com as paredes enquanto você ficava sentada olhando pra televisão.
Lembranças de tardes que não vivemos, de um amor que não sentimos, de todo o desejo que acabou tão rápido que mal se pode sentir o gosto, mesmo que eu ainda traga o doce de teus beijos entranhado em meu amargo coração.

sábado, 7 de maio de 2011

Beijo de filme

O que houve entre nós foi só uma adaptação de seus livros e filmes de romance barato, tudo o que você me disse foi apenas um amontoado de doces palavras vazias, que chegavam ao meu ouvido adocicadas pelo mel de sua falsidade. Nunca fui a personagem principal, apenas mais uma coadjuvante nessa grande ficção que você criou.
Os abraços apertados, os beijos supostamente apaixonados, as noites que passamos fazendo juras de amor debaixo do meu cobertor, os olhares que trocávamos, gestos pra mim tão sinceros, pra você apenas atuação. E as três palavras que saiam tão facilmente de sua boca. Eu deveria ter desconfiado.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sempre igual

Até quando você vai bancar a durona? Todos estão cansados dessa tua armadura, por quê não deixa transparecer o teu verdadeiro eu? Por que tentar ser outra pessoa? Você é tão entediante assim?
Você tenta se esconder dentro de outro alguém, pra afastar toda a dor que te fazem sentir, pra disfarçar todas as lágrimas que insistem em cair, pra aparentar uma falsa alegria, pra tentar fazer com que ninguém descubra o que há por trás do teu sorriso sem graça, do teu olhar distraído, desse teu jeito todo desajeitado, e dessa tua voz sempre tão calada, tão difícil de se ouvir.
Não preciso de muito pra te derrubar, conheço todas as tuas fraquezas, sei como ultrapassar todas as barreiras que você colocou pra tentar se esconder, só eu posso quebrá-las. E é o que faço.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Doce menina

Pra quê tentar conter essas teimosas lágrimas?
Por que tentar ser forte quando você sabe que não vai conseguir?

Já me tornei especialista em chorar sem ser notada, sem fazer barulho, às vezes sem derramar uma lágrima sequer. Choro por dentro, sofro calada, deixo que meu coração seja esmagado sem dizer uma só palavra, nem elas me entenderiam.
Não tenho vergonha de chorar, apenas tenho medo de parecer fraca o suficiente para que tentem se aproveitar de mim e quebrar mais uma vez meu coração já despedaçado. Ele não aguentaria.
De tanto sofrer, hoje o gosto das lágrimas já não é tão amargo assim, não depois de senti-lo com tanta frequência.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Conversas em lata

- É tristeza?
- Não, é só um cigarro.
- E foi o cigarro que te roubou o sorriso e te fez ficar aí, olhando pro nada?
- Estou olhando pro céu, pra lua.
- E assim trazendo a melancolia.
- Me desculpe, não sei quem você é, como pode pensar que sabe tanto sobre mim?
- Já estive do mesmo jeito, sei reconhecer os sintomas. 
 E se você me olhar bem, verá apenas marcas, cicatrizes de um amor que deu errado.
- Comigo pode ser diferente.
- Acredite, nunca é igual, mas é sempre ruim.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Nunca o suficiente

E outra vez usou e abusou de seus belos atributos para me ganhar e enganar. Com tuas falsas palavras e ações muito bem ensaiadas, com essa tua doçura bem calculada, tua pele macia que me acolhia num abraço acompanhado de tua suave voz me dizendo que tudo ficaria bem, que tu sempre estaria ao meu lado. Meus ouvidos inocentes acreditaram.
Me olhando com esse teu olhar sereno e distante, mas nunca só pra mim. E o teu sorriso meio de lado, todo errado, e nunca meu.
Sempre desejou o coração dela, mesmo tendo o meu nas mãos.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Além do que se vê

Se esconde atrás de ironias para afastar seus problemas, força o riso para evitar perguntas. Desvia o olhar, pois ele é o único incapaz de mentir, o único que ela não consegue controlar.
Seus lábios apenas repetem freneticamente uma história irreal, inventada por ela para se proteger. Seu corpo se move roboticamente, nem os movimentos que reproduz são reais.
Ela já não sabe dizer a verdade, ela já não sabe viver de verdade, se acostumou a ser um outro alguém, se acostumou a ser o que todos queriam que fosse, se esqueceu de sorrir.