segunda-feira, 30 de julho de 2012

Me diz, cadê você aí?

Um dicionário de sinônimos para as palavras repetidas e uma cola para as ideias não fugirem pra outras cabeças. Meus versos continuam espalhados nas paredes desse quarto imundo num hotel barato de beira de estrada, e a luz da rua entra pela fresta da janela pra tentar iluminar teu gosto amargo.
É no apagar das luzes que os morcegos dançam no céu das casas, e é no breu que os anseios adormecem e deixam flores abrir nosso caminho.
Isso que dá abrir os olhos enquanto ainda está sonhando, tu perde toda a frieza que salvou. Pudera eu viver num mundo cego de faróis e surdo de buzinas
Não me deixe por favor, sou leve e ocupo pouco espaço na mala. Me leve como tua bagagem.
Tu me faz sorrir tanto que até desaprendi a chorar. Pois choro de alegria é sorrir com os olhos e a água serve pra lavar a alma. Vou traçar o meu destino em cada linha do teu corpo.

domingo, 22 de julho de 2012

Últimos arredores conhecidos

Algumas pessoas tem essa mania besta de achar que conhecem o outro só por já ter visto seu olhar. É preciso bem mais que os olhos pra adentrar uma alma.
Me canso disso, dos dedos apontados pra tudo quanto é lado. Ninguém olha o reflexo na poça d'água, não são capazes de conviver com seus defeitos e então, covardemente, tentam fazer com que todos ao redor vivam infelizes.
Vivo dentro dessa bolha de sabão que estoura nos olhos, raros são os dias em que o mar de bocas me deixa nadar. Somos formigas queimadas por um menino malcriado e sua lupa.
Não deixe o sol te cegar, tua alma é bem mais que um corpo só.

domingo, 15 de julho de 2012

You smile, I smile também

Vou roubar a lua pra te dar. Sem embalagem ou cartão, colocarei apenas um laço vermelho pra você saber que o presente é meu. A lua é bonita por si só, não precisa de enfeites, contudo, um laço vermelho não a deixaria ruim. 
Não vejo nada aqui na terra pra te dar. Nem brinco, colar, camiseta ou anel, é tudo pequeno, sem valor, sem conteúdo, como um pontinho cinza numa imensidão de azul anil.
Eu quero te dar meu sorriso, meu carinho atrás da tua orelha, minha cabeça no teu colo enquanto tu deita em mim. Quero te acordar com flores e cheirinho de café logo cedo, antes de ir trabalhar, e te convencer a usar os óculos que tanto precisa. Eu vou aprender a cozinhar só pra poder te prender a noite em casa, e no almoço vou te levar pra um restaurante qualquer, desses bem ruins que vão te fazer apreciar a minha comida.
Vamos enfeitar nossa casa com aqueles objetos retrô das lojas que a gente gosta, ter o nosso cinema particular e nossa estante de discos.
Essas pequenas coisas que sem você não teriam sentido algum. Afinal, quem é que vai dividir as batatas do mcdonald's comigo?

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Memórias gravadas feito em folhas de jornal

Pegou o sorriso e guardou no canto da parede, em contraste com o passado que carregava. Não sabe lidar com a raiva, ela vem e explode feito um vulcão. Talvez goste de brincar com a morte.
Nada de cortes retos, prefere o zigue-zague que a lâmina faz naturalmente, como se abrisse um caminho para o vermelho apagado escorrer. Só mais algumas gotas.