quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Lá do horizonte

O maior problema do mundo é a pressa. Pressa pra chegar em algum lugar, pressa pra sorrir, pra chorar, pra sentir. A gente apressa a felicidade e depois fica se perguntando pra onde ela foi.
Não adianta reclamar e ficar sentado de braços cruzados esperando que tudo mude. O que acontece hoje no mundo é reflexo das nossas ações e você sabe. Nós o deixamos assim: doente e com medo de sair de casa.
O que você faz pra limpar a sujeira das almas? Acho que além de latas devíamos reciclar vidas.
Gosto de sorrir pra um desconhecido na rua e ele me sorrir de volta, ruim é saber que nem todos tem o costume de fazer isso. Deve ser coisa de gente grande e eu ainda não cresci.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Do lado direito da cama

- E se eu morresse amanhã?
- Você não vai.
- E se? Não vale ser clichê e falar que vai morrer também.
- Se você morresse amanhã, eu morreria também. Não revire os olhos, quero dizer, eu não morreria literalmente, seria apenas um corpo vagando pela ruas. Veja bem, como é que eu vou ser feliz sem o brilho das minhas manhãs? Pode soar brega mas é sincero. Vou ser só uma velha presa num mundo de melancolia constante. E pare de me olhar desse jeito. Eu viraria uma dessas pessoas que tu encontra na rua com olhar distante de tão amargurado, aquele tipo que ignora a lua e as luzes da cidade. O que mais você queria de mim? Se você morresse amanhã, metade do meu eu perderia o sentido, deixaria de respirar. Eu iria viver apenas pra cumprir o contrato.
- Tipo aluguel de casa?
- Não.
- Apartamento?
- Não, você é mais como um remédio pra mim.
- Então eu sou a tua cura?
- Sim. Até que o efeito passe, daí eu teria que tomar outra dose. Ou comprimido. Sempre prefiro as cápsulas, evita o gosto ruim na boca.
- Mas não há contrato algum nisso, tu se perdeu na metáfora.
- É que eu sou hipocondríaca, por isso te mantenho aqui.
- Se você morresse eu iria pra outro país, um lugar bem gelado, quem sabe os Andes, ou sei lá. Compraria uma casa afastada da civilização e me trancaria dentro dela o dia inteiro. Ia me embebedar todos os dias, escutando nossas músicas preferidas pertinho da lareira pra lembrar da gente. Certamente o porre seria de vinho. Ah, e compraria um gato também, só pelo prazer de ser desprezada.
 - Qual seria o nome dele?
- Pethit.
- Já pensou em tudo né? 
- Tu sabe que eu gosto de detalhes.
- E de mim, você gosta?
- Se você morresse amanhã, não teria uma multidão chorando ao meu redor, seria discreto, tu sabe que eu não gosto de alarde. Provavelmente eu nem iria ao teu enterro. Acho que eu iria sofrer do meu jeito, deitada na nossa cama com tuas roupas, tuas fotos e teu perfume.
- Até o chapéu que você odeia?
- Com certeza eu iria usá-lo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Esse aqui é pra você

Como proceder se um dia eu te encontrar na rua? Sabe, esbarrar os braços e derrubar tuas sacolas. Te dou um sorriso, um abraço ou finjo que nem vi? Talvez eu deva apenas te devolver as compras.
Não é adeus quando você não está pronta pra partir, ainda assim eu te disse tchau e dei as costas pra uma vida que não vivi. Se não te faço sorrir, que mais posso fazer? Não pense que eu tô feliz com a decisão, é que te quero bem demais pra deixar que alguém te trate mal.
Imagina só provocar o choro de quem eu amo tanto? Não vale a pena brincar de faz de conta e fingir que tá tudo bem. Eu sei que é culpa minha, por isso a porta quem bate sou eu.