terça-feira, 22 de novembro de 2011

Das lágrimas na minha blusa

O sol se põe atrás de outro desses prédios imundos que povoam a cidade. O verde deixou de existir, o azul do céu já desbotou, o cinza empoeirado nos roubou a cor.
Da janela embaçada do ônibus observo uma multidão de almas queimadas, cheias de si. Eu vejo desespero, imagens desconexas presas no labirinto dessa cidade pequena. Ninguém sabe a saída, não há placas por aqui.
Vejo nosso quarto, onde cabia apenas o silêncio e a melancolia de mais um dia que o céu pintou. Minhas lágrimas caindo acompanhando o ritmo da chuva, e na tua cama um corpo rabiscado com versos de amor, aquele teu velho clichê. 
Sinto falta do teu gosto de cigarro na minha boca. Não foi ilusão, foi apenas um amor desacreditado, típico sonho bem sonhado que pedimos pra nunca mais acordar. Você queria ser perfeita enquanto eu só queria sorrir.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Pelo interfone

Canções de apartamento que me deixam serena, que me apertam o coração.
De um jeito doce e sincero me faz pensar, me faz querer. Te deixa viver mais.
Tira a neblina da cabeça, traz paz ao gostar, me devolve o pranto. Me deixa presa em devaneios, faz meu prazer em anotar frustrações se aflorar, deixa toda a solidão de lado e me devolve a solitude.
Canções de apartamento que eu só ouço em casa.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Se você me leva eu vou

Dormir lembrando tua voz, acordar chamando você. Ficar feliz ao te ver abrir os olhos, abrir a porta, abrir os braços pra me acolher. Deitar com tua foto ao lado, no celular, acordar contigo me chamando pra tomar café.
Fechar os olhos e sentir teu gosto na boca, teu corpo nas mãos. Guardar teu olhar no meu, e o teu sorriso se abrindo aos poucos, de lado, todo tímido.
Um dia desses senti teu perfume passeando pela sala de estar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Te empresto minha neblina

Me dê um gole de teu melhor romance, enquanto fico a observar tuas conquistas baratas pra aliviar a dor que já não sente. 
Fiz uso do clichê quando nada mais fazia sentido, tu me respondeu com aquele eu te amo dito no calor do momento, puro reflexo pra tentar se esquivar de outra de minhas perguntas. E cada pétala de tua flor refletia teu cruel jogo de gostar, teu mal me quer sem nenhum bem. 
Não precisa mentir pra mim, reconheço teu olhar de culpa, tua voz falhada querendo se entregar. Sei que você foi vê-la outra vez, sei que já não somos como antes, as palavras não mentem. Espero que ela te faça sentir o que tanto procura.
E o que me resta é só mais um pouco daquilo que alimenta, é a ilusão de me sentir completa e depois notar que eram apenas fragmentos que nunca se encaixaram. É o meu coração nas mãos dela, quase que esmagado, sendo apertado lentamente até vazar.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Vem cuidar de mim

Chorar poderia ser a solução pros meus problemas, mas nem a água é capaz de me lavar.
Fim de domingo, o coração jogado no canto da sala, a felicidade em mãos que não são minhas. Já é de costume me ver refletida nos teus olhos, na tua voz.
Me vejo no chão, teu corpo alinhado ao meu, disputando em harmonia espaço no colchão. Espaço pra se amar.
Me deixo levar pelo balanço da rede, pelo dançar de teu corpo, pelo procurar das mãos.
Te deixo dominar com o piscar dos olhos, com o abrir dos braços me chamando, com teus dedos presos em carinhos pelo corpo.
Me deixo guiar por teus passos quietos, arrastados, sem deixar pegadas por aí. Seguro tua mão sem medo, sigo o caminho que você trilhar.
Me vejo sonhando acordada, sem você do lado pra me alegrar.