quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

João ninguém

Vivo no inferno e a temporada é de chuva, parece até piada do tempo. O dia amanhece escuro e traz neblina pros pulmões. Não faz brilhar o sol, as nuvens se tornaram a atração principal do céu.
Sinto saudade do circo, fazer parte do espetáculo. Mesmo sendo palhaço triste, do alto do trampolim observava a multidão numerada com o riso pronto pra escapar. De maquiagem borrada eu fazia graça e deixava o desespero berrar, rasgando os ouvidos de quem fosse capaz de entender. Assim fui minando cicatrizes literais de um corpo que não me pertencia. Ainda não sei o que fazer com as mãos, acho que nasci do avesso.
Vou me jogar na arena, sobreviver ao picadeiro. Quero ser necessário e fingir voar do precipício. Assim, alado, sem coordenar o vento. 
Ou me afunda de vez ou me joga na cama elástica, meu bem.

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