terça-feira, 25 de setembro de 2012

Rabiscos de papel

Escrevo, com giz de cera, cantigas de ninar em portas vizinhas. Se eu pudesse, pintaria o espelho daquela senhora sem doce que mora no 217. Viver ignorando o que se passa ao redor é um suicídio.
Eram três da tarde e o céu chorava. Vi cada gota d'água caindo do alto pra lavar os carros, enxugar lágrimas e aconchegar em seus braços uma multidão de corpos quentes. Desfiz o nó da corda que me apertava o pescoço e fui chover. Fui correr no rio de mágoas que formava a rua e te encontrei numa poça qualquer em que afundei o pé.
Voltei pras palavras cruzadas e te vi, dessa vez numa dessas imagens desconexas de páginas amassadas que a gente só enxerga olhando pequenino. Deixei teu carinho acariciar meu rosto e colocar o cabelo atrás da orelha. Deixe a minha felicidade virar tuas notas de rodapé.

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