sábado, 19 de maio de 2012

Pra começar a colorir

Quando eu era mais nova pensava minha vida como uma novela, brincava de fantasiar meus sonhos antes de ir dormir. Hoje sou um livro, quase sempre de romance. 
Dia desses fui no bar da esquina comprar cigarro, tava me fazendo falta a nicotina. A alegria de tragar meus problemas e ver a fumaça os levando pra bem longe de mim. Voltando pra casa eu mais parecia uma criança de sete anos tentando me equilibrar no meio-fio. Fiquei rindo só de imaginar o que você faria se me visse assim.
Sabe, eu tava aqui com as pernas na parede e olhando a tevê, deitada na cama. Não me pergunte o que tá passando, a televisão sempre foi minha saída pra não ficar tão sozinha. São duas e treze da manhã, deve ser Jô. 
Radiohead no fone e a caneta na mão, só o caderno pra aguentar essas noites de insônia. Tá escuro aqui, duvido que tu irá entender minha letra. Ninguém vai ler esse rascunho.
Meus olhos estão ardendo e eu tô sem crédito pra te ligar. Acho que vou aceitar teu conselho e ir ao médico, mesmo sabendo que o meu remédio mora no último andar de um prédio na cidade vizinha. A guria dos dedos tortos e pintinhas na mão. Daqui a pouco tu se muda comigo pro térreo, pois tenho medo de elevador e odeio ter que subir escadas.
A gente é tipo o Camelo e a Mallu, sabe? Talvez um pouco diferente. Tu tá aprendendo teclado e eu aqui rabiscando umas letras. Me sinto meio Marcelo e Mallu, só a parte do amor. Eles são o casal mais lindo do mundo, nós somos o segundo. Falta um tanto mas a gente chega lá.
Desculpa as bobagens que eu disse, tô aqui cuidando dos teus sonhos pra garantir que tu durma bem. São duas e trinta e nove, o Jô já foi embora e agora eu vou dormir.

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