Esta noite quero ficar sóbria e não sentir as mãos, deixar o vento controlar meus movimentos e tropeçar na beira da calçada. Vou despencar do precipício. Pular da ponte e me afogar na garrafa de cachaça. Ficar sóbria sem sentir o beijo.
Dizer o nome errado, olhar por cima do ombro a briga na casa vizinha. Aprender alemão e ir ao pub dormir em cima da mesa. Ficar sóbria e só beber uísque.
No almoço de domingo acompanhar legendas dos corpos mundanos, do peito fechado e pupila dilatada. Desinteresse na segunda, desespero, carteira vazia e boca a mastigar. Pra ficar sóbria e não enxergar no espelho o rosto. O uivo descontrolado do cão acorrentado é ensurdecedor.
Vou ficar sóbria, pois não senti tuas unhas me rasgando a roupa, arranhando as costas ou puxando meu cabelo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário