domingo, 23 de junho de 2013

De trapos limpos

Faço de mim berço pro poeta bêbado-vagabundo que decidiu morar na rua e fazer da lua seu abajur. Levava consigo indagações sobre o que foi e quem era (mas deixava suas escolhas decidirem o que seria), uma caneta que nunca falhava, um pequeno caderno e o peso do céu.
Vomitava versos de amor não correspondido e entregava flores aos transeuntes. Gostava de conversar com os pombos e bater as asas, fingia ser um deles quando se sentia só. 
De agasalho cinza surrado e sorriso grudado na boca, estampou a primeira página do jornal da cidadezinha. "O louco que mendiga carícias" dizia a manchete.

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