sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Descendo a escadaria do morro

Olhei pro lado e a vi chorando de rir. De imediato não entendi por que havia tanta alegria contida nas lágrimas que vinham do sol. Daí então foi que eu percebi: não era sonho, a terra apenas tinha esquecido de girar. Caminhava lenta como dia de domingo.
Perguntei o motivo de tanta graça e ela respondeu: "São os labirintos dos poetas o meu maior objetivo. Você não vê? Meu romance ainda há de se escrever." 
Os lábios pequenos da menina de agasalho amarelo se abriam e fechavam sem fazer sentido, ainda assim, cismei em compreender. Disse: "Quem te escreverá? Além da cor de tuas vestes, sua insignificante existência nada tem a contar." A pequena criatura de mar nos olhos, sorriu: "Tu me escreverá por vários contos na cabeça antes de me tornar livro. Tu irá me procurar por entre casas e flores, com violão e vinil do Cazuza. Tu que me despreza, tu que já me amou." 
Nunca antes meu caminho cruzou o dela, mas a nudez de sua voz me fez tremer. Com o polegar direito me acariciou o rosto, saiu descalça, dançando na ponta dos pés. "Não quero sujar o calcanhar" gritou.

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