sexta-feira, 31 de julho de 2009

Momento de fraqueza

O dia estava normal, como qualquer outro, monótono, entediante, as mesmas coisas, as mesmas pessoas, os mesmos sorrisos falsos e forçados, os mesmos erros cometidos, as brigas de sempre, o meu mau-humor rotineiro, a mesma vida medíocre, nada é diferente, tudo é igual.
Não que eu esteja reclamando disso, pelo contrário, isso pra mim é um alívio, pois sentindo tudo aquilo que eu disse não me resta tempo pra outro sentimento, aquele que traz consigo vários outros.
Com tanta coisa pra sentir, para reclamar, não tenho tempo para amar, logo, não tenho tempo para sofrer, também não tenho tempo para ser feliz, mas a felicidade nunca foi real pra mim, por isso não sinto tanto sua falta.
Já vivi por muito tempo de amor e sofrimento, não os quero mais em mim, me cansei deles, prefiro ficar com meu tédio, meu mau-humor, minha solidão, do que ter de enfrentar tudo aquilo de novo, sinto que estou imune a esses sentimentos: amor, felicidade, sofrimento, não os sinto, ou pelo menos tento não sentir.
Mas hoje enquanto voltava pra casa escutando minhas músicas, sem me importar com o resto do mundo - pois esse é o único momento em que toda a monotonia, toda a melancolia desaparecem de mim - e em meio a tantas outras músicas, toca aquela que eu não precisava ouvir, que eu não queria ouvir, a única capaz de mexer com meus mais profundos e secretos sentimentos, com meu coração, que me faz lembrar que ele ainda existe, que ainda bate no meu peito, aquela música que me faz lembrar de você.
Não quis impedir que ela tocasse, queria provar pra mim mesma que sou forte o bastante, que você não era mais nada pra mim, me esforcei inutilmente.
Tentei ao máximo conter minhas lágrimas, eu não queria chorar, eu não queria esse sentimento novamente, eu não queria, mas isso não foi o suficiente, não consegui segurá-las, aos poucos foram caindo, aos poucos fui enfraquecendo, o meu único desejo era sair correndo dali, fugir daquilo que estava me devorando, arrancá-lo de mim o mais rápido possível, eu queria gritar, talvez fosse essa a maneira de me libertar daquilo, como pode uma música fazer isso comigo?
Insisto em pensar nisso, apenas o faço para tentar esconder o verdadeiro motivo de meu desespero, tentei em vão.
Choro intensamente, não me preocupo com as pessoas ao meu redor, elas não existem, naquele momento sou apenas eu e meu sofrimento.
A música acaba, enxugo minhas lágrimas, me recomponho, meu momento de fraqueza acabou, ele durou apenas o tempo daquela música, durou apenas cinco minutos, cinco longos e desesperadores minutos, mas que não importam mais, eles agora fazem parte do meu passado, como você também faz.

2 comentários:

  1. Em primeiro lugar, obrigado pela visita e... ai, fico ate envergonhado :D

    Pois bem, sinceramente (e tenho medo de escrever isso) fiquei muito, mas MUITO pensativo sobre a possibilidade de ser real ou não. Claro, tudo que escrevemos, querendo ou não (espero, pelo menos comigo é assim) é ligado a alguma coisa que nos afetou, de alguma maneira; porém eu comecei ler seu texto como um texto pensado, tipo "ah, hoje vou escrever um monólogo" e comecei assim. E, se essaera sua intenção, seu texto - como texto - ficou ótimo, porque no meio do "texto" eu ja me identificava - e muito - com "a personagem" (entre áspas porque eu não tenho certeza se é isso). Mas, como eu disse, se essa foi sua intenção, parabéns, porque ao longo do texto eu ja tomei o acontecimento como real, tipo, como se tivesse acontecido ainda ontem e você decidiu escrever sobre isso hoje. E, se for isso, você continuou escrevendo bem, mas aí o lado do comentário muda, porque eu deixaria de comentar o texto em sí, e passaria a comentar a situação. Sim, eu concordei em número, gênero e grau com muitas coisas que escreveu. ("também não tenho tempo para ser feliz, mas a felicidade nunca foi real pra mim, por isso não sinto tanto sua falta") Gostei muito disso (e de muitas outras coisas que deixariam o comentário maior do que vai ficar), e, bom, se eu tivesse o que falar sobre o assunto, eu não estaria na situação que estou, né? =D De qualquer maneira, eu ja passei por situações parecidas, quase identicas, incluindo até a música (sério). A diferença é que eu me pus nelas, sim, me forcei a elas, pra gasta-las logo de uma vez e impedir que apareçam mais tarde, quando eu não quiser; como quem prefere comer o brocolis de uma vez, pra depois ficar só nas batatinhas (nossa, que comparação - disse Assis). E, bom, eu consegui momentos bem legais =D Não chorei, não choro há anos (por outros motivos, envolvendo o físico), mas consegui colocar muitas coisas no lugar. Ah, e como eu fiz isso: pegando ônibus com rotas circulares, ficava andando pela cidade, ouvindo musica, só em ônibus que em um trecho enchiam e no outro esvaziavam, foi ótimo. Recomendo. (Olha que legal, de comentário passou a depoimento de vida). Estou de saida agora, mas depois volto pra dar uma olhada nos seus outros textos. (:

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  2. É! Acho que todos já passaram ou vão passar por isso...Faz parte da vida, normalmente ela sempre tem um mesmo rumo para todos, só mudamos o grau e a ordem como vem. Gostei do paragrafo final, tudo se torna passado, temos que continuar a viver.Em questao da tristeza, bom eu sou feliz, só reclamo um pouco da rotina, mas isso é problema meu XD

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