sexta-feira, 29 de junho de 2012

Meio que inacabado quase no fim

Tem muita cor no teu preto e branco, dá pra pintar o céu e as pessoas. Dá pra pintar tuas camisetas brancas e até colorir aquele livro que a minha irmã comprou. Os muros da cidade continuarão cinzas, nos foi proibido ultrapassar os limites da calçada.
É sexta-feira e eu tô sentada no sofá, pensando em palavras pra encaixar nessa frase sem vírgula ou ponto de exclamação. Pra preencher o meio de outro parágrafo e não deixar um buraco enorme nessa construção que agora teus olhos sussuram. Minha alegria não acaba só por aparentar desalento. 
Finjo que me escondo e brinco de correr entre as árvores do parque. A gente pode dançar no arco-íris que eu pintei na parede daquela casa abandonada que fica no fim do quarteirão, ou deitar no chão e brincar de descobrir desenho em nuvens. Só não quero ficar presa na monotonia do domingo.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

E só bebia pra esquecer

Por que perder tempo contando as horas se o que importa não tem relógio?
Vejo amor brotando e danço ao som que o teu ritmo produz. Saí do meu corpo e me distanciei do ruído provocado pelo trançar das pernas. Sou metade de um inteiro dividido em dois. 
Trechos soltos de um livro em branco, versos inacabados esperando a tinta da cabeça secar. Não sei bem onde me perdi, ainda tento encontrar os pedaços de vidro que me cortaram a pele. As gotas de sangue que espalhei pelos quartos, quadros e o porta-retrato que eu te dei. 
A saudade é agridoce e tem aroma azedo, a minha estragou e nem chegou o final de semana. Grito pra perder a voz e calar o que ninguém escuta. 
Um copo na mesa pra deitar e uma garrafa vazia, o resto fica pra depois. Deixo pro amanhã a tarefa de me curar.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Dona desse eu

"Oi pretinha, coisa mais linda do mundo é ter você pra mim, ter você do lado. Não posso segurar tua mão mas tô te olhando. Essas pessoas não entenderiam o nosso amor, elas são amargas demais.
Tu deixa meu sorriso tão alegre que não cabe mais em mim, tive que dividir contigo. E como é bom não ser só uma."

Escrevi esse bilhete no teu caderno do Snoopy, com minha letra pequena e difícil de entender. Tu me agradeceu com um sorriso e se escondeu atrás das mãos, quase vermelha de vergonha. Cê tava tão linda e eu nem pude te beijar.
Tu diz que é brega mas quem escreve os versos repletos de clichê sou eu. O que você vê é só o reflexo do teu cuidado, e ainda acho pouco perto do tanto que você me faz.
Vou ser roteirista e escrever um filme sobre a gente. Sem vilão nem mocinho, vou me inspirar nos meus sonhos e te levar pro mundo que eu desenhei pra nós. Chegando lá, deito teu corpo no meu e te faço carinho no cabelo até dar nó.

terça-feira, 5 de junho de 2012

De tanto o céu desabar

É bom sonhar acordada, a mente voa longe e o vento devolve muito mais do que podemos enxergar.
Me tranquei no quarto pra pensar um pouco e deixar a vida lá fora. Descobri que não gosto de respostas rápidas nem letras maiúsculas, e que prefiro dias nublados à dias de sol, gosto da melancolia que esse clima traz. Se engana quem pensa que a melancolia é sempre triste, às vezes lágrimas são mais alegres que sorrisos.
Não se pode forçar uma lágrima, a menos que tu seja uma atriz de novela ou cinema. Sou a rainha do drama, choro de alegria, tristeza, de saudade e até sem motivo. Se tornou um hábito, sabe? As lágrimas se convidam, não batem na porta, só vão entrando. Não dá pra recusar a visita. Não dá pra fingir. Já o sorriso é fácil, é só puxar a boca prum lado, ou pros dois se preferir. Todos fingem sorrir, eu mesma vivo fingindo ser feliz por aqui. 
Além disso, dias chuvosos combinam com tudo: café; chá; filmes; livros; cama; rede; Chico; Tiê; Cícero. Se bem que pra mim Cícero combina com tudo, até com carnaval.